A fotografia nasceu em inícios do século XIX e, desde então,
sofreu alterações profundíssimas que a conduziram através de um caminho
que se traduziu em maior qualidade e economia de meios. Desde o velhinho
daguerreótipo – que se caracteriza por ser um processo fotográfico, mas sem
imagem negativa – até às modernas fotografias coloridas digitais da
actualidade, muitas transformações ocorreram. Pelo caminho ficaram os rolos, as
Kodacs, a Polaroid, os cubos mágicos, entre muitas outras pérolas do mundo
mágico da fotografia.
A fotografia a preto e branco, por estranho que possa parecer, não foi erradicada pelo advento da cor; muito pelo contrário, ganhou raízes mais fortes em contraponto com esta e compreendeu-se que nunca poderia desaparecer, pois possuía características que a fotografia colorida não possui – mesmo a digital.
O que a torna, então, tão diferente e resistente à passagem do tempo, das modas e das vontades? A fotografia P/B é amplamente usada por fotógrafos profissionais e amadores nas mais diversas situações, nomeadamente na captação de imagens que representem rostos envelhecidos, mulheres, crianças, nus, paisagens e, ainda, casamentos. Porquê esta selecção? Os itens enumerados representam, todos eles, situações que envolvem, de alguma forma, romantismo, saudade, poesia, sensualidade, enigma. E o preto e branco serve simplesmente como meio mais célere para se conseguir obter o efeito desejado. A ausência de cromatismo «empurra» o observador para outros aspectos da fotografia e obriga-o a um olhar mais demorado sobre, por exemplo, a sensualidade que esta exala, os jogos de luz e sombra provocados pelo objecto/ser fotografado, as texturas que assim ganham uma maior evidência, etc.
Por outro lado, os filmes P/B possuem uma
maior riqueza de tons, comparativamente aos melhores filmes coloridos –
significa isto que
a realidade se torna, assim, mais real! O P/B também se
tornou, pelo tempo em que a chegada da cor o asfixiou, numa opção alternativa,
marginal, artística. Esta arte tem origem na observação de uma imagem que, por
estar captada a preto e branco, se torna mais abstracta e, logo, obriga o
espectador a um maior esforço de conversão da imagem em algo diferente – poesia
fotográfica. A ausência de cores desperta também um maior saudosismo e uma
paleta monocromática sugere intemporalidade, eternidade e infinito. Talvez por
estas razões, tantos casamentos do século XXI tenham vindo a ser fotografados
em P/B: todos os noivos desejam que o seu casamento seja eterno e nada melhor
do que a fotografia a preto e branco para captar momentos que ficarão gravados
em papel durante mais de 200 anos – o tempo de duração de uma fotografia P/B
(as coloridas duram apenas 100 anos).
Aposte no P/B e capte imagens inesquecíveis!
Picasso diz que "Quando vemos o que pode ser expresso pela foto, nos damos conta de que tudo aquilo não pode mais ser preocupação da pintura...
Por que o artista insistiria em realizar aquilo que, com
a ajuda da objetiva, pode ser tão bem feito?
Seria uma loucura, não? A fotografia chegou na hora certa para
liberar a pintura de qualquer literatura, anedota e
arte do tema. Em todo caso, um certo aspecto do tema pertence, daqui
por diante, ao campo da fotografia...
Não deveriam os pintores aproveitar sua liberdade reconquistada para
fazer outra coisa? Seria muito curioso fixar fotograficamente, não as etapas de
um quadro, mas suas metamorfoses. Talvez percebêssemos por quais caminhos o
cérebro envereda para a concretização de seus sonhos. Entretanto, é realmente
muito curioso observar que, no fundo, o quadro não muda, que a visão inicial
permanece quase intacta, apesar das aparências. Muitas vezes vejo uma luz e uma
sombra que pus no meu quadro e empenho-me em quebrá-las, acrescentando uma cor
que crie um efeito contrário. Quando essa obra é fotografada, percebo que
aquilo que havia introduzido para corrigir minha primeira visão desaparece, e
que, definitivamente, a imagem dada pela fotografia corresponde a minha primeira
visão, antes das transformações trazidas contra minha vontade.''
Ivan Lima diz que “A fotografia, antes de tudo é um
testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objeto ou sujeito, constrói-se
um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história,
cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-Ias". Amigos meus
que fotografam sabem bem do capital artístico das fotografias, as fotos a
seguir são de um amigo que quer dizer muito com tudo aquilo que ele capta...
São de Antonio Ferreira...
"Fotografar é desenhar,
utilizando a luz como pincel, a natureza como tinta e o filme como tela,
podendo assim imortalizar aquela imagem ou momento escolhido, enquanto o mundo
segue em contínua mutação.
O pôr- do-sol é um momento fugaz, porém mágico , onde a luz que nós permite ver e manifestar a vida, se expõe como entidade e mostra a sua "cara", numa linda bola de fogo, suspensa no horizonte, podendo ter várias molduras e múltiplas tonalidades. Basta querer enxergar, e quem sabe um dia finalmente ver, que tudo, inclusive nós mesmos, é fruto desta luz, e que dela viemos e para ela retornaremos."
O pôr- do-sol é um momento fugaz, porém mágico , onde a luz que nós permite ver e manifestar a vida, se expõe como entidade e mostra a sua "cara", numa linda bola de fogo, suspensa no horizonte, podendo ter várias molduras e múltiplas tonalidades. Basta querer enxergar, e quem sabe um dia finalmente ver, que tudo, inclusive nós mesmos, é fruto desta luz, e que dela viemos e para ela retornaremos."
(Dr. Dimos Iksilara)
"Fotografia é o retrato de um côncavo, de uma falta, de
uma ausência."
(Clarice Lispector)
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