quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dais para o infinito...


Dias misteriosos, tortos, ignóbeis, sem certeza que leve avante a algum lugar. É tudo solto, numa dança ilógica, descompassada, uma imagem borrada de verdades ou mentiras...
E acreditamos no infinito, e nos derramamos a ele (o infinito) em nossas mais fieis disposições, em nosso sonho torpe de uma vida mágica, sem ser pra morte, ou mesmo vida, ainda que seja cedo, mas é sempre tarde, sim é sempre tarde... E o infinito, ilusão radiante nos toma aos braços e baila em ascendência a um céu, ao léu, em vão, num limbo esquecido, paraíso pequenino de imagens inocentes.... tudo em nossa vontade, enganada por sua luxuria, jogada ao acaso...
E eu que era tão novo. Sim mocidade bucólica!  Numa casa construída de sonhos e medos de criança......  Foi numa tarde, numa tarde como outra qualquer, numa tarde ensolarada com nuvens e uma caixa d’água que o infinito veio a mim com suas imagens fantásticas propondo o pacto que levaria meu espírito para sempre da vida para a vida não vida de sonhos pungentes... Oh tarde tão viva! sim foi como um déjà vu que perpetuava a imagem do tempo, uma saudade do futuro queimando o coração da criança, no céu, caixa d’água, quintal, olhar avante, e saudade, saudade, saudade, mas eu... eu nunca vivi o que tenho falta, ou é o retorno infinito do infinito que num pacto divino me tomou o espírito? Não sei... mas a vida é finita! É só por dentro que esse sentimento oceânico nos toma em eterna existência? Eis a ilusão, eis a ilusão, a eternidade.....
Eu não sei querer da vida, vivemos ao acaso, dizemos ao acaso, e pensamos ao acaso.... estamos fadados ao acaso, acaso, ocaso...de novo, novo, e sempre em retorno até o crepúsculo dos dias. Estaria aí o infinito? Quem sabe. Não! em nós sei que não, não! Oh angustia que me bate repentinamente, um nó nem sei de que, talvez uma palavra não gerada, um sentimento que não consegui decifrar..... e penso, não, sonho nos dias de mim mesmo e me irrito  com essa paisagem mórbida, embora haja luz...........
Sim! Estamos de volta outra vez, eu e tu... tu que é eu em frente, vivo no querer ser, mas não é na vida da gente... é pouco, é tão pouco!!! O tempo levou embora o infinito, não embora, mas em má hora! Eu não tenho tempo, eu não ei de viver! Não ei de viver... e de trágico parece belo! Como pode? Mas sim, há beleza, tanta que emociona!!! Não chore!! Enxugue essas lágrimas... são só dias... em parte perda, mas há ganho... e luta, luta... e sim de ilusão já vivo, e me interesso!! Vê a poesia. Que ilusão mais doce... que mentira mais bela... bebe um pouco dessa  mentira, bebe e relembra o pacto infinito da infância... não cai, do acaso jaz nossos corpos terrenos, no acaso encontramos abrigo... encontramos morada.... calados....................
Ai de nós, oh silencio que agora grita, quão gritante é o silencio!... Dói a cabeça imaginá-lo, e quão assustador é o nada... quão paradoxal....... e a criança grita, a criança pede socorro, essa gente grande, legião nascida dentro, pisoteia, esmaga, mas os gritos ecoam, é silencio, é silencio! Oh céus, que minhas pernas tremem em agonia pela vida, agonia pelos dias curtos, do opúsculo de sempre... Oh pequenez! E parado, cansado olho tudo! Do ventre de minha morada dais para o revoar dos tempos, e tudo corre, e se desfaz e se refaz, circulando, bailando loucamente....... levando me fatalmente ao nada perpetuado em formol, imóvel, silencioso... e...?... Dais para o infinito.........................................